03/08/2017

As vezes a gente se ilude e tal


Pois é, né.
Já começo assim que é pra mostrar que a história é longa e me incomoda a ponto de já querer dar início pelo fim.
Há umas duas semanas atrás comentei na foto de um menino que desde que conheci achei interessante.
Vou desdobrar um pouco da nossa não-relação até esse momento: Ele é um dos melhores amigos dos meus amigos que tem a banda. Um deles que queria ficar comigo e tal, ele mesmo. Eu o vi (vou chamá-lo de Estrelinha) num dos shows em garagem, literalmente, dos meninos. Super deslocado, não falava com ninguém, olhinhos doces e assustados. Não consegui coragem suficiente pra dar oi no dia, só encarar bastante mesmo. Sou desses.
Nos vimos em mais 3 ou quatro ocasiões e depois de muito custo começamos a nos dar abracinho de tchau. Dá pra entender que esta é uma história de duas criaturas ridiculamente tímidas né? Pois é.
Logo no primeiro abraço me derreti. Estrelinha abraça como eu, apertado, com sentimento, irresistível.
Tudo indo sem perspectiva até o bendito comentário.
O comentário incitou Estrelinha a vir falar comigo, super animado e interessado. Combinamos sair, ir a um parque. Por experiência sei que meninos cis gostam de parques pra ficar com pessoas. Não sei ao certo porque, mas vai entender o que se passa naquelas cabecinhas, não é mesmo?
Fomos ao parque, conversamos, ele queria ser cientista quando pequeno. Claro que coloquei ainda mais tijolinhos na minha construção de quem era ele com toda aquela conversinha.
Ele foi tão paciente, tão delicado até ter certeza de que eu estava confortável em ficar com ele, me comoveu. Achei que a gente daria certo. Sempre acho que vou dar certo.

Ele me convidou pra visitar a casa dele. Fomos, conversamos, ficamos. Foi uma entrega inusitada da minha parte. Nunca fiquei com ninguém tão rápido, mas senti que ele era diferente. Eu o quis há tanto tempo...
Tenho bom senso o suficiente pra não transar assim logo de cara, obviamente, mas dei a ele algumas das minhas primeiras vezes.
É engraçado eu me importar com elas. Por algum motivo não sinto nada quando estou com alguém. Meu corpo reage, mas não sinto. Portanto não deveria ligar muito em "gastar" situações que não me acrescentam nada, certo? Mas eu me importo.

Ficou tarde, fomos até o metrô e o dia terminou.
Ele tinha me avisado que estaria super ocupado estudando pras DPs dele, coisa que achei super válida considerando o fato de Estrelinha fazer Engenharia de Materiais na USP. Ficamos em aberto. Claro que pra mim estávamos mais do que fechados.

Bom, ele veio falar comigo e eu não aguentei fingir que não tinha me apegado. Finalmente aprendi que não adianta nada fingir que não mergulhei por medo de assustar os outros.
Estrelinha não mergulhou junto comigo.

Desde o início ele me perguntou como era ficar com alguém. Eu expliquei que não funciono de forma poligâmica e sou extremamente seletiva. Estrelinha achou um amor, me disse que funcionava mais como o meu contrário, mas que achava bom também ter esses momentos com gente mais especial.
É, senhoras e senhores me achei mais especial do que deveria.

A verdade é que gostei da gente, do que poderíamos ser. Nem tudo é perfeito.

Com muito cuidado ele me explicou tudo outra vez. E foi horrível.

(Vou até abrir aspas aqui, porque não consigo sequer colocar em minhas palavras)

"Eu já sou mais solto do que você, então eu fico com outras pessoas. E em relação a sentir, a ter algo no coração eu sou meio complicadinho"

Minha resposta mental: EU ACHEI QUE VOCÊ TINHA ALGO NO CORAÇÃO POR MIM. QUE SOLTO O QUE, MINHA QUESTÃO É EMOTIVA, NÃO LIBERTÁRIA.

"Eu adoro me envolver, virar amigo, deixar coisas boas na vida de alguém, ensinar, aprender, tudo tudo tudo. Eu só tenho bloqueios quanto a envolvimento, intensidade mais amorosa e essas coisas"

Minha resposta mental: COMO ASSIM, CARA? VOCÊ NUNCA DEIXOU ISSO CLARO. COMO VOCÊ TEM A CORAGEM DE SE ENVOLVER COM ALGUÉM QUE É 1000% INTENSIDADE E NÃO AVISA ISSO???

Pois é, foi péssimo. É uma pena ter sido uma mera conversa por whatsapp, queria que ele tivesse a chance de ver a minha cara ao ler e interiorizar tudo aquilo.

De todas as coisas que eu achava estar preparada pra lidar, essa não foi uma delas.

Fiquei tanto tempo pedindo por alguém que me fizesse sentir a vontade de verdade. Vi tudo isso nele.
Contei coisas que jamais pensei em dizer num primeiro encontro. Achei que fossemos iguais.

Já faz uns dias desde que tivemos a conversa da verdade. Claro que não consegui dizer o quanto me arrasou, faz parte.

Desde então continuamos meio que sendo amigos. Isto é, Estrelinha sendo meu amigo esporádico (ele consegue ser pior que eu pra responder mensagens) e eu sofrendo a cada instante em que me vem aquele dia na cabeça.

Vai passar, eu sei.
Aprendi com isso que não devo me entregar nunca mais desse jeito. Não tenho estrutura pra suportar uma quebra ainda. Preciso de mais certezas.

É, não imaginei que fosse ter essa revira volta. Achei que apenas descreveria como foram dias ótimos e desfechos legais.

Acontece.

Um comentário:

  1. Olá :>

    Eu não me sinto bem comentando esse tipo de postagem porque a real é: a gente nunca sabe realmente o que o outro tá enfrentando e pode acabar falando merda.

    Então só vou dizer que sinto muito que você tenha passado por isso. Que o estrelinha foi insensível pra caramba e espero que você encontre alguém ou algo em si mesmx que faça você se sentir bem :)

    Beijo e força nas desilusões!

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