06/07/2017

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É engraçado, porque sinto que meu corpo fala exatamente essa frase. O que em si já é um conjunto considerável de palavras para descrever isso tudo.

Tudo o que, aliás? Também busco uma resposta.
Não tenho conseguido dormir a noite. A manhã passa e quando finalmente consigo sonhos consistentes (tanto quanto é possível para um sonho) já é um novo dia em que escolho pra qual lado da corda bamba me jogar. Levantar, tentar ficar vivo e fazer valer a pena. Ou dormir e ter uma pseudo-vida muito mais satisfatória. Tenho escolhido em iguais proporções as duas formas de levar as semanas por enquanto.
Não é muito bom, mas não é o fim do mundo.

Me entristece esse marasmo interno. Antes eu pelo menos tinha uma infinidade de constelações implodindo, agora é só o vazio mesmo. Melhor dizendo, esvaziamento. Talvez seja um processo natural de reciclagem.
Talvez eu esteja me desmanchando pra valer, depois quem sabe pego gotas do que sobrar e tento construir algo novo. Algo de que possa me orgulhar. Algo que vá em frente. 

Eu só quero ser a melhor versão de mim mesmo. Acredito ser uma enorme injustiça esperar de si o comportamento de nosso alter ego ideal. Apesar disso sou praticante assídua dessa injustiça e tantas outras.

Encontrei algumas amigas nos últimos dias. É um tanto penoso, confesso, ter que lidar com pessoas em fases diferentes. Mais do que nunca me sinto sem ar. Não sou como meus amigos, não tenho uma vida simples de faculdade/trabalho/social, não sou como meus colegas de trabalho, sequer sei se sou alguém no momento.

Sou Camila, uma pessoa doce, muito dependente do afeto alheio e extremamente habilidosa em camuflagem social.
Adoro poesia, minha poetisa preferida é Florbela Espanca. Sinto que temos uma conexão, pois sangro seus poemas como se fossem feitos dos meus tecidos internos. 
Amo crianças, animais, me apego facilmente a qualquer ser vivo minimamente responsivo e sou expert em sentir falta.
Me iludo dizendo que não gosto de histórias tristes, quando na verdade me apoio nelas e seus possíveis finais felizes e idealizados pra sentir que tenho chances. 
Gosto de mim por fora, gosto do que conheço de mim por dentro. Só que ainda falta mais. Ser mais, saber mais, me amar mais. Não sei bem.
Escrevo afim de colocar pra fora coisas que soam muito bem em meus roteiros mentais, mas nunca sairão da minha boca.
Leio porque preciso me agarrar a vidas que dão certo rápido. Começo; Meio e Fim. É como uma droga metafórica da vida, o alcançar do sucesso sem ter de fato vivido o necessário pra isso.
Amo com muita intensidade e medo. Medo de perder.
Sei que sou muito de bom, conheço minhas partes estragadas, só não encontrei o meio termo. Não encontrei o orgulho necessário pra me levar cem por cento a sério.
Passo tempo demais me mimando ao invés de me cuidar. Carrego toneladas de autopiedade entorpecente e tóxica comigo como quem leva aspirina na bolsa.
Finjo ser bem resolvido e engano até a mim mesmo com uma atuação impecável de quem adora a vida que leva. 
O que adoro são as ideias. Perfeitas, imaculadas, planejadas e utópicas, características estas que as tornam meu tipo preferido de passatempo.
Vivo demais na minha cabeça e de menos expirando gás carbônico para um fim maior do que a mera sobrevivência.

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