23/06/2017

listas de querer


Sergio me disse que seria interessante que eu escrevesse minhas aspirações e o que já conquistei ao longo do tempo.
Com ele é assim, nunca me pede nada, só fala como seria ótimo caso eu o fizesse. É um pouco confuso, pois nunca sei quando realmente é algo importante ou só um comentário leve, mas né, ainda estamos aprendendo a lidar um com o outro.

Bem, vou tentar listar essas coisas por aqui.

Aspirações:


Olhar pros desenhos que faço e sentir orgulho deles. Não um raro entre tantos que deram errado, uma constância, conquistada pelo esforço e que acaba tornando natural o acerto.


Conquistar minha independência e ter minha própria casa mobilhada da minha maneira ideal (já há muito idealizada).


Trabalhar com algo que me preencha e ser bom nisso


Me desapegar do Ronaldo de uma vez por todas. Sentir um gostar genuíno por outra pessoa sem que ele me venha a cabeça como opção número 1.


Encontrar plenitude em ser só. Me sentir perfeito com meus defeitos e saber reconhecer e adorar todos os meus pontos fortes. Quero me sentir lindo o tempo todo.


Não ter medo de me mostrar de verdade pras pessoas que conheço faz tempo. Conseguir com naturalidade ser como quero a cada dia e deixar de temer pelo que podem pensar de mim ou o comportamento que podem adotar de acordo com minha postura e/ou aparência.

Conseguir conversar com as pessoas e respondê-las mais rapidamente. Me magoa essa minha apatia na hora de dar atenção as pessoas que amo. É um paradoxo querer responder e ao mesmo tempo não sentir a mínima vontade de gastar energia pra isso. Quero voltar a ter no piloto automático o modo social a distância.


Amar o meu corpo. Não sentir que sempre falta alguma coisa a ser refinada, algum detalhe que o torna inadequado, longe do meu ideal. Não simplesmente "aceitar", mas encontrar beleza nele e conforto em saber que é meu e é perfeito pra mim.


Conseguir transbordar em alguém. Pelo menos uma vez quero conseguir tirar tudo de dentro e escancarar pra alguém que me faça sentir que posso. Me despir e sentir o acalento do outro.


Demonstrar sem medo o interesse em alguém.
{ Isso é realmente algo que me incomoda, principalmente nesse período.
No começo da semana, estava saindo do metrô na liberdade quando vi uma garota maravilhosa. Sério, ela era incrível. Cabelo curtinho azul turquesa, tatuagens por todo o corpo em estilo retrô e motivos lindos e totalmente compatíveis com as que eu desejo ter em mim, olhos com cílios compridos e um tom de castanho encantador. Uma pele branquinha e uma boca rosada. Ela me viu também.
Durante o processo de subir 2 lances de escadas rolantes e mais um normal pra sair do metrô a gente foi jogando. Ela olhando muito discretamente pra mim quando estava a minha frente na escada; eu indo lentamente até o próximo lance e ela ficando logo atrás, num angulo pra que eu a visse sem nem precisar virar muito o rosto. Andando bem devagar e ela sempre me acompanhando, numa distância em que apenas um sorriso meu já a colocaria ao meu lado com um passo.

Bem, acontece que mesmo querendo absurdamente olhar fundo aqueles olhos lindos e instigantes, não o fiz e no fim nos separamos e fui pra casa deprimida minha falta de atitude generalizada.

Casos semelhantes já aconteceram diversas vezes. Alguém num ônibus e uma troca de olhares que não resulta em nada; um encontro no metrô em que começo a demonstrar algo e depois me faço de desinteressada. Uma bela bosta haha. }

- Me sentir igual as pessoas que admiro, nem mais nem absurdamente menos como normalmente ocorre. Me sentir segura sobre o meu valor e a minha relevância como pessoa na hora de falar com alguém que seja mais experiente que eu, ou alguém que me desperta desejo qualquer coisa que atualmente me faça colocar minha auto-confiança no chão haha.

Por enquanto essas são as coisas que quero bastante e que me vêm a mente de primeira.

Conquistas:

Conseguir pedir em restaurantes, ou informações olhando nos olhos da pessoa. Sim, esse foi um processo até que longo. Há alguns anos atrás, dois ou três, eu até conseguia fazer os pedidos, mas nunca olhando diretamente pra pessoa. Até quanto era algo mais simples como simplesmente conversar com alguém que eu considerava um tiquinho que fosse superior a mim (alguém pouco mais velho e que eu achava interessante, ou algum profissional) tudo que eu fazia era falar sem olhar nos olhos, até pra sorrir eu os fechava.


Querer estudar no exterior. Quando eu tinha 15 minha mãe me sugeriu ir pra fora e eu quase surtei. Ela ainda falava só num intercâmbio, algo rápido, nada definitivo, mas já me dava um nervoso que hoje nem acredito. Eu na época morria de medo de não me adaptar, não ser aceita. Meus primos estavam se dando super bem na Alemanha na época, então era um país bem em voga naquele período, e eu ficava irritadiça com a simples menção de sair do país sozinha. Hoje, é uma aspiração tão grande que já considero uma verdade absoluta na minha vida, me deixando até quase sem ansiedade. Afinal, pra que ansiedade se algo já é certo?


Ir a uma loja sozinha. Eu ainda não gosto muito dependendo do lugar de ficar sozinha indo atrás de algo pra comprar. Mas, é uma enorme evolução conseguir me divertir e sentir prazer em visitar alguma loja ou galeria sozinha, sem desespero pra escolher e ir embora.


Ter feito técnico.
Nossa, eu poderia escrever um livro só com coisas que conquistei graças ao técnico e toda a experiência que tive no dois anos de FECAP. Foi um amadurecimento incrível, cresci tanto tanto tanto, ai ai. Aprendi a lidar com multidões de gente da minha idade, falar em apresentações sem surtar ou olhar pro teto. Ir atrás de desconhecidos e conversar naturalmente, mesmo que a princípio ficasse um pouco nervosa. Aparecer em filmagens e trabalhos de terceiros e não me martirizar pela minha imperfeição sendo transmitida em redes sociais e afins (como aconteceu em diversos vídeos de trabalhos de publicidade de uma amiga minha e outros do próprio colégio em que adoravam me pegar pra falar, já que né, nem falo muito haha), ir atrás do que quero por mim mesmo, me arriscar a receber uma portada na cara de gente que eu admiro (e que aconteceu várias vezes, mas também trouxe experiências ótimas quando os "sim"s aconteciam). Bem, uma série de conquistas!


Ir na portaria pegar um lanche ou uma pizza. Sim, eu não conseguia fazer isso. O mesmo esquema do nervoso de falar com alguém pra pedir algo, os poucos instantes em que se retira o pedido, passa o cartão e espera a máquina registrar me torturavam e hoje nada mais é do que um mero momento corriqueiro.


Dar oi pra todos no ambiente em que chego com tranquilidade. Eu já fazia isso na maioria dos casos, mas sempre era um esforço e me apavorava ter que fazê-lo. Hoje é natural e até gosto da surpresa eventual no rosto das pessoas que não estão acostumadas com esse ato singelo de educação básica.



Falar em inglês num ritmo normal. Antes meu costume era falar o mais rápido possível, porque dessa forma as chances de notarem algum erro no que eu dizia era menor. Depois de várias conversas com meu professor queridíssimo de inglês acabei finalmente me sentindo segura o suficiente pra não ter que falar correndo.



Orgulho e consciência de que falo bem em inglês. Sempre tive o costume de autodepreciação, ainda mais quando alguém me elogiava. Minha resposta automática era provar pra pessoa como eu não era nada daquilo de bom que ela falava. Hoje pelo menos nisso consigo aceitar e confirmar de cabeça erguida que, de fato, sou boa nisso.



Dispensar pessoas de quem não gosto. Isso ainda é algo que costuma me doer, mas só de ser capaz de expressar a rejeição já é um grande passo. Não foram muita as ocasiões em que isso foi necessária, mas as que vieram apesar de pontuais me marcaram. Dói dizer a alguém que ela não te agrada, porque sei muito bem como é estar nessa situação. Ou não sei, porque sempre guardei tão bem minhas paixões que nunca recebi um não de forma clara. Sempre fiquei na idealização do sim e não certeza auto sugerida do não alheio, o que acho que é bem pior do que dar a cara a tapa como essas pessoas.

Bem, não vou dizer que sou ótima nisso, mas é uma conquista, afinal, é um sinal de respeito a minha vontade e um esforço tremendo pra achar ok fazer algo que sei que vai magoar alguém.


Não deixar mais as pessoas comprarem ou fazerem algo que acreditam ser "o que eu gostaria" quando na verdade não tem nada a ver com o que realmente quero.
Isso é algo bem amplo, desde deixar que minha mãe comprasse alguma blusa pra mim  e eu odiasse a peça, nunca usasse, mas também jamais comentasse meu desagrado; até permitir que alguém mesmo que meu amigo me coloque em alguma situação com a qual eu não esteja confortável, ainda que numa camada extra-superficial seja algo próximo do que eu gostaria. (Ex: aquela velha jogada do "ai, deixa que eu falo com fulaninho por você, vou dar um jeito de vocês ficarem juntos", nunca quero isso e mais de uma vez minhas amigas fizeram planos e mais planos pra me arranjar e eu nunca as impedi como queria)


Ir a um banco sozinha e resolver burocracias em geral. Graças ao Canadá, apesar de extremamente desgastante consigo ir atrás de pendências sérias ou informações legais que preciso e falar com estranhos desse meio sem muito problema. É uma dificuldade dar o primeiro passo, como ir até o banco, mas quando estou no local em que preciso tomar atitude as coisas fluem. É bom.


- Ir ao médico sozinha. Isso já era uma coisa que eu queria faz algum tempo. Minha mãe sempre me sufocou em consultas médicas ou qualquer ocasião em que eu fosse o assunto da conversa. Ela faz da consulta uma espécie de monólogo sobre a minha vida e aspectos que muitas vezes são irrelevantes para o momento. Sempre me irritou isso nela, essa coisa involuntária de contar da minha vida e expor tudo pras pessoas que as vezes nem mesmo conhecíamos direito.
Por enquanto acho que é isso.

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